Estamos assistindo a uma polêmica, na internet, com relação às expressões faciais dos surdos e intérpretes de Libras. Muitas pessoas estão rindo ou ridicularizando, classificando-as como caretas exageradas. Isso mostra total ignorância sobre sua importância no campo da comunicação humana, especialmente se essa interlocução envolve sujeitos surdos. Ao invés de nos entristecermos e brigarmos, nós da SignumWeb optamos por educar nossos internautas, mostrando a beleza e a riqueza de uma língua diferente, não oral e auditiva, mas visual e espacial.
Consideramos muito oportuno que isso esteja acontecendo, especialmente porque é uma chance de difundir e tornar essa língua maravilhosa ainda mais conhecida. Além disso, muitos surdos e intérpretes estão se levantando em defesa dessa que é a segunda língua oficial do nosso país, reconhecida como língua da comunidade surda pela lei 10.436 de abril de 2002.
Já tínhamos produzido um material explicando o porquê de a inteligência artificial não dar conta de interpretar Libras (leia aqui). E um dos motivos é exatamente esse. As expressões faciais são integrantes e indissociáveis da Língua Brasileira de Sinais. Elas fazem parte da estrutura da língua.
Como já sabemos, as expressões faciais transmitem o estado emocional que o indivíduo quer comunicar aos seus interlocutores… Dentro de um determinado contexto. Em uma comunicação não-verbal, excluí-la comprometeria toda a intenção comunicativa. O robô, por exemplo, consegue repetir com perfeição um sinal, porém, sem a devida expressão facial – tão necessária. Sem os movimentos dos músculos da face, o sinal não estará carregado da emocionalidade necessária. O nosso rosto e todo o nosso corpo falam e nem sempre somos capazes de interpretar a mensagem.
Tratando-se da surdez, o corpo fala ainda mais alto. Pois as expressões nem sempre estão ligadas ao que o sujeito está sentindo, no momento da conversação, mas ao que ele está pretendendo comunicar. Ou seja, deixa de ser revelador de uma emoção própria para ser uma expressão gramatical. Se o ouvinte relata um fato em que um dos personagens aparece muito bravo, tal informação não necessita estar presente, necessariamente, na sua expressão facial. Ele pode carregar na entonação de voz, por exemplo, e o interlocutor entenderá a mensagem. Não é comum que o ouvinte carregue na expressão facial, embora o bom orador entenda que isso enriqueceria a comunicação.
No caso do surdo, elas são fundamentais, indispensáveis mesmo e, como já falamos, fazem parte da gramática da língua, da sua sintaxe e morfologia. Bem como as expressões corporais. Estão para além das expressões da própria afetividade.
Por tudo isso, surdos e intérpretes se orgulham de como se comunicam bem, utilizando-as. As emoções são universalmente identificadas. Um rosto sorridente só será percebido se vier acompanhado de bochechas erguidas e fechamento dos olhos. Quanto maior for essa expressão, mais o sujeito estará revelando a sua alegria. Algo muito diferente disso e facilmente identificaremos um sorriso como “falso”. Não é assim que funciona?
Além da felicidade, emoções que passamos sem palavras, por meio das expressões faciais… São a tristeza, a repulsa, o ódio, o desprezo, a surpresa, o medo, a incerteza, etc. Como poderíamos expressar tais sentimentos sem utilizar palavras? Os surdos e os bons intérpretes conseguem, de forma brilhante. Então, o convite que fazemos é que todos deixemos de lado as chacotas e o preconceito para mergulharmos nessa nova realidade.
Língua Brasileira de Sinais: rica, completa, suficiente! Venha conhecê-la e você certamente se apaixonará.
MUITO OBRIGADO, SUA CONTRIBUIÇÃO COM ESSE MATERIAL FOI IMPORTANTISSIMO PARA MIM E EQUIPE.
Muito boa a explicação, eu pensava que os intérpretes falavam o alfabeto ou as letras ao mesmo tempo que faziam os sinais, foi só uma curiosidade minha que foi atendida, obrigada pela explicação, gostei bastante.
Obrigada pelo incentivo!