OS IMPACTOS DA FALTA DE ACESSIBILIDADE PARA OS SURDOS, NO DIA A DIA.

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Vamos refletir um pouco sobre falta de acessibilidade para os surdos, no dia a dia? Para começar gostaria que imaginasse como seria a sua vida se você não conseguisse ser compreendido ao chegar ao supermercado para pedir um queijo fatiado? Ou para dizer ao gerente de um banco que precisa de um empréstimo para custear despesas médicas de um familiar? Ou ainda para explicar ao médico o que está sentindo em um momento de dor?

Certamente, as expressões visualizadas após essas perguntas iriam refletir desespero, tensão e incoerência. É incoerente pensar que uma pessoa não é compreendida em uma sociedade que fala tanto sobre inclusão. Infelizmente, essa incoerência é a realidade vivenciada pelos surdos no nosso país.

A maioria dos surdos precisa executar tarefas do dia a dia acompanhados por familiares, amigos ou intérpretes, para mediar a comunicação. A simples ação de comprar um pão com recheio de côco pode se tornar um transtorno por falta de acessibilidade, pela dificuldade de se expressar.

É muito comum ver surdos que não se sentem seguros para fazer compras, resolver problemas e até mesmo ir ao médico. Alguns evitam esses espaços, para não vivenciar a dificuldade da falta de acessibilidade. Enfim, essa atitude de estar sempre acompanhado ou evitar frequentar esses ambientes torna os surdos um público invisível. Isso porque as pessoas não se deparam com a necessidade de se comunicar com os surdos. Afinal, alguém (levado pelo surdo) faz a mediação da comunicação. Sendo assim a sociedade permanece sem compreender a importância da utilização da língua de sinais.

O surdo precisa se adequar ou a sociedade precisa oferecer comunicação acessível?

De acordo com a lei 10436 de 2002, a Língua Brasileira de Sinais – Libras é a língua oficial da comunidade surda no Brasil. Assim, em todo o território nacional essa língua precisa ser difundida. Entretanto, percebemos que há um enorme abismo entre o que está previsto na legislação e o que temos vivenciado.

Ainda há uma grande falta de informação sobre os direitos linguísticos da comunidade surda. Por isso, a sociedade ainda não corresponde a essa demanda de comunicação acessível aos surdos. As barreiras comunicativas afastam o público que busca por atendimento acessível. Consequentemente os direitos não são garantidos. É um círculo vicioso.

Apontando possibilidades para minimizar os problemas de acessibilidade entre surdos e ouvintes nos diversos setores da sociedade, vislumbro a possibilidade de utilização de recursos tecnológicos para mediar a comunicação e garantir direitos básicos aos surdos.

Depoimentos que revelam a falta de acessibilidade para os surdos, no dia a dia.

Colhi alguns depoimentos e optei por não revelar os nomes dos surdos, para não expor.

“Não posso assumir cargos administrativos porque não tenho domínio da Língua Portuguesa escrita, dentro dos padrões da norma culta.”

Observação: É devido à precária falta de acessibilidade nas escolas que os surdos não conseguem dominar de forma adequada a língua portuguesa, na modalidade escrita. Isso que acaba limitando as possibilidades.

“Meu irmão sempre faz a adesão e resolve os meus problemas com a empresa do seguro do meu carro, porque não tem atendimento em Libras.”

Observação: Ao oferecer acessibilidade, a empresa pode conquistar um público fiel.  Certamente que o surdo dará preferência para uma corretora de seguros que oferece acessibilidade.

“Quando vou ao médico preciso que minha mãe me acompanhe para explicar o que estou sentindo. Mas ela não é fluente em Libras e algumas vezes me explicou a fala do médico faltando informações.”

Observação: Existe um grande risco quando temos acesso a informações incompletas, especialmente na área da saúde. Ao oferecer acessibilidade, os surdos poderão falar com mais liberdade, privacidade e clareza sobre suas enfermidades. O atendimento será muito mais eficaz. 

“Fui na padaria e apontei para o balcão, mostrando os pães que eu queria. Mas eu queria encomendar também, um outro tipo de pão que não estava exposto naquele momento. Precisei pedir ajuda à minha prima, para ligar para a padaria e fazer a encomenda para mim.”

Observação: Imagine o quanto de vendas perdidas, por padarias em todo o Brasil, por não oferecer acessibilidade aos surdos!

“Cheguei ao guichê da empresa de ônibus para comprar uma passagem e quando o atendente percebeu que eu era surda ele fez o sinal de negação com o dedo e a cabeça. Eu retornei ao carro e chamei uma amiga ouvinte, ela foi ao atendente e perguntou se tinham esgotado as passagens para aquele horário. O atendente respondeu que tinham vagas, mas que as passagens gratuitas para surdos precisam ser reservadas pelo menos 30 minutos antes. Minha amiga sinalizou para mim e eu fiquei indignada, sinalizei e minha amiga oralizou, explicando que eu não tinha passe livre e não estava querendo viajar de graça, queria apenas comprar a passagem.”

Observação: Nem todo surdo tem passe livre. Isso depende da renda. Então o surdo que não tem baixa renda quer comprar suas passagens, como todo mundo. Devido à falta de acessibilidade, até esse simples ato se torna difícil.

“No avião, durante o voo, passamos por uma zona de turbulência e as orientações foram dadas pelo sistema de áudio da aeronave. Eu e meus amigos ficamos sem entender os olhares e expressões das pessoas ouvintes ao nosso redor.”

Observação: Devido à falta de acessibilidade as empresas aéreas perdem muitos passageiros todos os dias. Por não se sentirem seguros, os surdos necessitam de um acompanhante. Assim encareceria sua viagem, invialilizando o uso desse meio de transporte.

Podemos ajudar a reduzir o impacto da falta de acessibilidade para os surdos.

Situações como essas são mais comuns do que imaginamos. Nós precisamos e podemos disseminar conhecimentos e conquistar a tão sonhada acessibilidade em nossa sociedade, não somente para os surdos, mas para TODOS.

Entre em contato conosco e explicaremos como é possível solucionar a barreira de comunicação entre sua empresa e o cidadão. Surdo.

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